quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Leitores de Dandeleão


Uma visita rápida ao Goodreads e sou surpreendido com alguns comentários a este conto com ares Verniano.

"(...)A história é bastante interessante, recheada de pequenas situações que à primeira vista parecem inconsequentes mas que no final se juntam para formar uma narrativa sólida e coesa, com um final que não achei assim tão previsível até, pelo menos, o último terço do conto.(...)" - Nuno Almeida

"Dandeleão" é um conto com uma boa estrutura e uma boa premissa, embora não se possa dizer que o final apanhe o leitor desprevenido - este é perceptível logo a partir das primeiras páginas. Pareceu-me, no entanto, que o interesse residia mais no modo de garantir a lealdade dos trabalhadores, e na apresentação da cidade voadora que o Dandeleão é, que em surpreender no final.(...) " - Inês Montenegro

" O que surpreende neste conto longo de Carlos Silva é o sentido de escala. Com um estilo narrativo mais centrado no desenrolar da história do que na descrição pormenorizada do espaço ficcional visual mal nos apercebemos da vastidão do objecto que dá o nome ao conto. Sente-se uma fina sensibilidade steampunk sem exageros ornamentais, apesar os motivos estarem todos lá. (...) Uma boa surpresa literária num discreto ritmo steam, a descobrir aqui:


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Publicações de autor e a Leya


A Maria do Rosário Pedreira, editora da Leya para novos autores portugueses, queixa-se da falta de qualidade dos 150 manuscritos que recebe anualmente. O principal problema é que os jovens autores querem escrever ainda antes de terem lido o suficiente.

Um erro crasso para qualquer escritor.

A partir daí, com bastante moderação, evidencia os problemas das plataformas de auto-publicação on-line. Essencialmente, muitos dos livros não têm revisão profissional e não passa pelo crivo de um editor, nem tem a "marca" de qualidade de uma editora. E isto é tudo verdade.

Curioso é estas palavras virem de uma empregada de uma empresa que tem uma plataforma de auto-publicação on-line sem revisão, sem edição, sem capa profissional...


Mais tarde a editora diz: "Pensam que se fizerem alguma coisa da moda são facilmente publicáveis". Talvez isso aconteça porque se vê muito poucas coisas "novas" com temas fora da moda. É um erro compreensível.

Mas, a meu ver, nestas fragilidades está uma hipótese de negócio.
Imaginem uma equipa de leitores profissionais e independentes que entrasse de cabeça no mundo da auto-edição e que classificasse os livros e fizesse recomendações.

Quem compraria este serviço?
  • Leitores que gostem de arriscar em livros fora da oferta das editoras 
  • Leitores que gostem de livros low-cost (muitos dos livros auto-editados são bastante baratos)
  • Editores em busca de novos livros para o seu catálogo
  • Autores que queiram ver os seus livros validados por um organismo exterior.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Plágios fictícios



É tão, mas tão irritante, quando escrevemos uma história, com elementos dos quais ficamos todos orgulhosos, e metemos na gaveta por ainda não ter qualidade para mostrar ao público e depois PUFF surgem esses elementos em algo muito maior. Seja o design de uma nave ou um conceito para o enredo.



Surgem logo vozinhas na mente do autor provenientes de futuros leitores a dizer: "Esta história parece mesmo aquele filme do Jonnhy Depp." E a minha resposta surge logo "Mas não, é diferente! O conceito é parecido, mas a exploração é completamente diferente." e o leitor insiste "Sim, ok, mas inspiraste-te." E o autor range os dentes a pensar "Quando escrevi a minha história nem o filme estava em produção, grrr."

Já vos aconteceu? Não vos faz diferença?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Mudança de perspectiva



Modelo do Sistema Solar do ponto de vista de um observador imóvel em relação ao centro da Via Láctea.

Por vezes é refrescante mudar de perspectiva.

O que me faz lembrar uma coisa que me disseram há uns anos que parafraseio aqui: Não é errado dizer que o Sol orbita em torno da Terra, se escolhermos o referencial correcto, mas acreditem que é muito mais fácil fazer as contas com a Terra a girar em torno do Sol.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Oferta de Urbania


Como prenda de Natal a todos os que seguem este espaço, até de 25 de Dezembro o romance Urbania está disponível gratuitamente no Smashwords. Boas leituras!

https://www.smashwords.com/books/view/295745

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Antologia Insonho

Foi com alegria que recebi a notícia oficializada de que um conto do qual me orgulho bastante vai fazer companhia a um punhado de outros de bons escritores portugueses.

Trata-se da Antologia Insonho, publicada no Brasil pela editora brasileira Estronho. Esta antologia  irá reunir histórias que resgatam mitos portugueses, dando-lhes novas roupagens e, especialmente, novas razões para assustarem.

Esta é a capa. Será uma referência ao Fradinho da Mão Furada?

Os autores participantes serão:

Organização: Valentina Silva Ferreira ("Duelo de Lendas").
Prefácio de Eker Sommer.
 
Autores convidados: João Rogaciano ("Sangue, Suor e... Unhas") e Miguel Raimundo ("Por sete encruzilhadas, por sete vilas acasteladas"). 

Autores selecionados: Inês Montenegro ("Ao sexto dia"),Vitor Frazão ("Na Escuridão"), Carlos Silva ("Ao meio dia"), André Pereira ("A Voz do Adamastor"), Francisco J. V. Fernandes ("A noite em que o Bicho Papão encontrou Kafka no telhado") e Ana Luiz ("Sant'Iroto").


O livro sairá em Julho de 2014 e já se anda a falar em lançamento no Norte e Centro de Portugal e Madeira.

Parabéns a todos os autores!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshed

Acabei ontem de ler o Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshed para doenças Excêntricas e Desacreditadas, deliciado com os pormenores das mais incríveis doenças inventadas descobertas pelos mais diversos autores de fantasia médicos.

É com graça que me lembro que, na altura em que saiu,  várias vezes o encontrei lado a lado com livros de medicina ou auto-ajuda. É com horror que imagino o tomo nas mãos de um hipocondríaco crédulo. Por outro lado, é fascinante a quantidade de doenças que parecem inacreditáveis.

Tenho uma pequena pasta virtual onde guardo fenómenos psicológicos ditos reais que considero curiosos e que têm algum potencial para serem incluídas numa história. Aqui ficam algumas:

Síndrome de Stendhal - tonturas, enjôos, êxtases, na presença de uma grande quantidade de arte ou arte de grande beleza, especialmente quando confinada num espaço pequeno. Ocorre especialmente nas galerias Uffizi.


Síndrome de Paris - Ansiedade, alucinações, mania da perseguição, tonturas, taquicardias causado pela desilusão que Paris proporciona a quem a visita. Este fenómeno ocorre essencialmente em turistas japoneses onde no seu país de origem Paris é descrito de uma maneira irreal e endeusada.

Síndrome de Jerusalém - Conjunto de sintomas psicóticos, comportamento obcessivo em relação a algum aspecto religioso aquando de uma visita a Jerusalém. Este fenómeno afecta muçulmanos, cristãos e judeus e até pessoas que se consideravam ateias.

Delírio de Capgras - O doente acredita de um familiar, amigo ou companheiro/a foi substituído por um impostor exactamente idêntico ao substituído.

Delírio de Fregoli - Neste caso, o doente acredita que um conjunto de pessoas, é na realidade a mesma usando vários disfarces.

Delírio de Cotard - O paciente acredita que está morto, que não existe, está em putrefacção ou perder algum orgão interno. Algumas vezes pode acreditar que é invunerável.

Somatoparafrenia - Sofre desta condição quem recusa ou ignora uma parte do seu corpo, ou mesmo um dos lados deste. O doente pode inventar desculpas elaboradas sobre a quem realmente pertence o membro que rejeita ou como foi ele parar ao seu corpo.

Prosopagnosia - Incapacidade de conhecer caras.

Pareidolia - Não é uma doença, mas mais um fenómeno. Reconhecer uma cara num estímulo vágo e ambíguo (nuvens, mancha na parede, torrada...) Se pensarmos bem, para nós dois pontinhos e um traço curvo é identificado como uma cara :) Este fenómeno é um sub-tipo de Apofenia que é a percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. Ou será que....

Gosto muito deste último, porque considero ser uma característica humana muito peculiar. Como diria uma canção "as constelações não estão nas estrelas, mas nos teus olhos".

Sinestesia - Ter sensações não associadas aos conceitos. Por exemplo, alguém pode sentir o sabor a amoras cada vez que vê o número quatro, certos sons podem ter cores, etc.

Este é um fenómeno físico, mas merece também estar aqui:

Insensibilidade congénere à dor - Existem pessoas (ou famílias de pessoas porque é hereditário) que são fisicamente incapazes de sentir dor, pelo que facilmente se põem em situações de perigo como morder a própria língua ou partir braços e não os tratar ou até mesmo meter a mão numa chapa quente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Occam's beard (As barbas de Occam)


A Navalha de Occam, também chamada de Lei da Parcimónia, é um dos conceitos científicos mais úteis para qualquer cientista a desbravar novo território.

Foi formulada a partir de uma citação de William Occam:

""Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor"

Ou seja, perante duas teorias igualmente possíveis, a teoria que assenta em menos pressupostos é geralmente a mais correcta. Por exemplo, pegando no dado "médicos que não lavam as mãos ficam doentes mais vezes" podemos formular várias teorias. Uma delas é que os médicos apanham as doenças dos seus pacientes, a outra é que existe um miasma no ar dos hospitais, que se pega especificamente às mãos e enfraquece o sistema imunitário e que o metal dos estetoscópios é o meio ideal para proliferação de bactérias que aproveitam este acaso. Adivinhem qual a mais provável?

A pergunta que surgiu então foi: E se occam nunca tivesse uma lâmina?

E foi assim que nasceu o Simpósio das barbas de Occam (Symposium of Occam’s Beard ) onde se pretende celebrar a imaginação, desafiando-se os participantes a criar a teria mais louca e coerente que conseguirem baseados em dados reais.

A teoria é depois apresentada a um júri e espera-se que os cientistas a defendam teimosamente ao ponto de levar William Occam corar.


Para mais informações consultar o site.

É óptimo ver um evento refrescante em que a ciência se permite a ser levada por caminhos menos sérios por um bocadinho. Um óptimo evento para os adeptos das teorias da conspiração.

Este festival surgiu inspirado nesta tira humorística:


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Fazer amizade com o falhanço


Esta BD já circulou a internet, mas mesmo assim acho que merece mais uma menção sob a forma de um extracto. Curioso como isto saltou à memória numa conversa com o Rui Ramos acerca de livros.


 Tiras completas aqui