quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia Mundial do Contador de Histórias


É já este dia 20 de Março o Dia Mundial do Contador de Histórias.


Contar histórias é a base da comunicação e, diria eu, a base de toda a sociedade. Arriscaria dizer que é maneira principal pela qual adquirimos informação (cerca de 65% da conversa são histórias). Durante um só dia contamos imensas histórias, por vezes imitamos até o tom e os maneirismos das várias personagens. E quem é que nunca exagerou ou minorou um bocadinho algo? Contar uma história também é interpretar. Não só estamos a oferecer um bocadinho do Mundo a alguém, como estamos também a dar uma determinada perspectiva, ou várias, plantando ideias na mente dos outros.


Está já estudado que quando ouvimos uma história não é apenas a parte do nosso cérebro que descodifica palavras em significados que mostra uma maior actividade, mas também todas as outras envolvidas em sentir o que é contado. Por isso é que as histórias são tão poderosas. 

Até Jesus, segundo a mitologia cristã (fortemente apoiada em histórias), decidiu transmitir os mistérios divinos sob a forma de parábolas, para tornar fácil a compreensão ao Homem. Até o próprio mundo foi criado pela palavra.

In principio erat Verbum et Verbum erat apud Deum et Deus erat Verbum

Uma história tanto esconde, cobrindo com o diáfano manto fantasia a nudez crua da verdade (Eça de Queirós), como revela, deixando o ouvinte apalpar melhor antes de realmente ver, sentir antes de inteligir.

Na verdade, quando tudo o resto desaparece, o que ficam são as histórias, sejam elas verdadeiras ou não. Citando Alexandre Dumas "É legitimo violar a História se os filhos forem lindos!" Será que alguma vez ele disse isto? Foi a história que me venderam e é ela a que vos vendo a vocês.

Tive a sorte de crescer ao colo de um avô contador de histórias, que me ensinou tudo o que havia a saber sobre as lendas da região e me pegou o bichinho de tentar enfeitiçar alguém pela palavra. É o que tento, em cada história que escrevo.


quarta-feira, 12 de março de 2014

Sorteio Fantástica Literatura Queer - Volume Amarelo


Tal como prometido, aqui vai um sorteio.



Desta vez, o livro é o volume amarelo da colecção "A Fantástica Literatura Queer" da editora Tarja (Brasil). Esta colecção pretende explorar histórias (na forma de contos) que, de uma maneira ou de outra, explorem temáticas Queer (identidade sexual, orientação sexual, etc). É de louvar que tenha lançado todos os volumes desta colecção, mesmo se avizinhando o fim da editora.



No volume amarelo poderão encontrar uma pequena história minha que brinca um pouco com os papéis sociais esperados de cada sexo, usando para isso um casal de seres de outro planeta.

Para se habilitarem a ganhar o livro basta preencher o formulário abaixo, viver em Portugal ou no Brasil e ser fã no facebook da minha página de autor. Boa sorte!

domingo, 9 de março de 2014

A Noite de Lorde Byron

Estou cansado, ainda da fantástica noite que passei ontem diante de uma mesa de ferro rodeada de colegas escritores, cada um entregue aos seus contos. Uns escreviam a papel, outros no computador, outros ainda num regime misto. Estávamos numa oficina, onde noutros dias se costurava e trabalhava a madeira, mas que, naquela noite dedicada a Byron, se burilava a palavra.


Ao toque horário do sino descíamos ao andar de baixo para buscar mais um café, mais um chá, mais dois dedos de conversa na noite fria que exigiu que utilizássemos todos os aquecedores disponíveis.

Começámos a noite com um conjunto de curtas metragens, de autores nacionais e estrangeiros. Seguiu-se de um pequeno intervalo onde os autores circularam pela banca de zines e a da Fyodor Books. Nos minutos seguintes ouvimos o João Reixa a declamar poesia, encantando-nos com as palavras de Edgar Allan Poe, Soares dos Passos e Sophia de Mello Breyner.

Seguiu-se a assinatura de um compromisso: naquela noite todos fariam os possíveis para terminar um conto de terror. E foi isso que aconteceu. É bom estar rodeado de escritores enquanto se escreve. Talvez seja uma espécie de empatia de remador de galé romana.


Só num grupo de escritores se vê isto:

- Mal chegavam à Taberna das Almas, uma espécie de força magnética os atraia para o conjunto de estantes recheadas de livros.
- Quando as forças para escrever se esgotaram, por volta das 3h da manhã, depressa se mergulhou numa tertúlia dominada por histórias mais ou menos fantasiosas.
- Os que ficaram até às 6h30 entreteram-se com jogos narrativos improvisados, confiando unicamente na palavra e uns lançamentos de moeda para imaginarem uma história em conjunto.

Espero que o evento se repita, mais e melhor.